sábado, 10 de setembro de 2016

Jean Monlevade! 1817 - 2017

João Monlevade

1817 – 2017

Dois Séculos de Vida Operária
Mais Que Uma Biografia, Uma História De Vida


Jean-Antoine Félix
Dissandes de Monlevade


Jean-Antoine Félix Dissandes De Monlevade, nascido em 1789 em Guéret, França. Engenheiro de Mineração pela Escola Politécnica de Paris, em 1812. Ainda jovem e recém-formado, chegou ao Brasil no período ainda colonial em 14/05/1817, para desbravar as montanhas cheias de minério de ferro (Fe), matériaprima para a fabricação do ferrogusa, do aço carbono e do ferro doce.



Ambiente de um Sr. de Engenho
Brasil Colonial


Mais que um bandeirante, um desbravador por excelência.

Acabou-se o ouro de aluvião e iniciou-se então a busca pelo minério de ferro, começando um novo ciclo de vida. Na Natureza tudo é cíclico!

1820-1825
Mineração de ouro
Morro do Itacolomi
Minas Gerais
Pintura de Rugendas

De repente aportou-se na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, um jovem mancebo francês, Jean Monlevade, com os conhecimentos em Mineralogia e Geologia, e entendera que seria nas Províncias das Minas Gerais, o campo propício para colocar os seus estudos em prática acerca do que conhecia.

Tais recursos, no Brasil Colonial, estava nas mãos de um jovem, de 28 anos, apaixonado que era pelo que havia estudado em sua terra natal trabalhando seus conhecimentos adquiridos e tendo bons resultados.
Nesta época o Brasil Colônia era sede do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves.

D.João VI
Jean era um nobre de família, intelectual e eclético em seus conhecimentos de Química; Matemática; Mineração, Física e Literatura.

Premiado que foi com uma bolsa de estudos para fazer pesquisas sobre os recursos minerais aqui existentes, veio por consentimento da Corte Real Portuguesa, na pessoa de D. João VI.

De visão futurista engajou-se na rica região do São Miguel do Piracicaba, pra nunca mais sair, construindo, com isso, em 1818, sua moradia: A Fazenda Solar, que daria então o início de tudo e de todo um crescimento populacional naquele arraial.


Fazenda Solar - 1818
Familia Jean Monlevade

Entrada da Fazenda Solar
Ergueu-se ali mesmo uma pequena Fábrica-Forja, de origem catalã inclusive, chegando a produzir 30 arrobas de ferro por ano, o equivalente a 450 kg.



Forja Catalã 


Forja Catalã

Na verdade, este seu empreendimento chegou a ser considerado o mais importante da Província, dominando, os seus produtos, de longe, os seus concorrentes.

Esta Fábrica-Forja foi o embrião de uma majestosa siderúrgica que se soergueria num futuro, do qual nem ele mesmo imaginaria! Talvez!. A Companhia Siderúrgica Belgo-Mineira (CSBM).

Há que se ressaltar que o Amor de um amadurecido jovem à nossa gente, a beleza e a riqueza de nossas terras, fez com que ele vibrasse e adotasse aquelas terras e aquelas gentes, como sua segunda pátria. O jovem mancebo veio a Minas Gerais com a intenção de estudar os recursos minerais da província do Estado e acabou adquirindo algumas terras, onde construiu a sede de sua fazenda que ficou conhecida como Solar de Monlevade, além de assentar as bases de uma próspera indústria de produção de ferro.


Em 1825, já com visões promissoras, e tendo já fixado sua residência às margens do rio Piracicaba, decidiu montar o seu negócio, na fabricação do ferro doce, produzindo nesta fábrica: enxadas, foices, machados, alavancas, pás, ferraduras, cravos, martelos, picaretas, freios para animais, moendas para engenhos de cana, etc.

Foram mais de meio século de produção ininterrupta.

Em 1853, a fábrica de ferro fundada por Jean Monlevade já conseguia alcançar uma produção de aproximadamente 30 arrobas diárias de ferro, com uma média de 150 escravos movimentando 6 fornos. O ferro produzido era transformado em enxadas, foices, ferraduras, bigornas, entre outros utensílios.

Portanto, ao evocar as memórias relativas à constituição do município de João Monlevade, é impossível deixar de mencionar a importância assumida pela presença de um francês na região, um homem que acabaria se tornando inspiração para o nome dado à cidade.

Quando faleceu, em 14 de dezembro de 1872, foi sepultado no mesmo cemitério que havia mandado construir para que fossem enterrados os escravos que trabalharam em sua fábrica e fazenda. Atualmente, o Cemitério Histórico de João Monlevade, denominação pela qual ficou conhecido, é um dos pontos turísticos mais visitados da cidade.

Após sua morte, a fábrica ficou sob os cuidados do seu filho João Paschoal de Monlevade.

Em 1888, porém, com a Abolição da Escravatura, pela Princesa Isabel, a fábrica teve intensificadas suas dificuldades com a mão-de-obra e em 1890 foi vendida para a Companhia Nacional de Forjas e Estaleiros, empresa fundada em 1845 pelo Barão de Mauá. 

Alguns anos depois, em 1897, a propriedade passou a pertencer ao Banco Ultramarino do Rio de Janeiro, permanecendo desativada até 1920.

Nessa época o grupo belgo-luxemburguês ARBED adquiriu a antiga propriedade de Jean Monlevade.

Diante deste fato, a história da Belgo se desloca de cenário indo para a cidade de Sabará, a poucos kms da então capital de Minas Gerais, Vila Rica.




O Sonho Vem De Longas Datas

A fronteira entre o ferro e o aço foi definida na Revolução Industrial, com a invenção de fornos que permitiam não só corrigir as impurezas do ferro, como adicionar-lhes propriedades como resistência ao desgaste, ao impacto, à corrosão, etc. Por causa dessas propriedades e do seu baixo custo o aço passou a representar cerca de 90% de todos os metais consumidos pela civilização industrial.
Basicamente, o aço é uma liga de ferro e carbono. O ferro é encontrado em toda crosta terrestre, fortemente associado ao oxigênio e à sílica. O minério de ferro é um óxido de ferro ( FeO), misturado com areia fina.
O carbono é também relativamente abundante na natureza e pode ser encontrado sob diversas formas. Na siderurgia, usa-se o carvão vegetal, para aquecimento do minério, na produção do aço.
O carvão exerce duplo papel na fabricação do aço. Como combustível, permite alcançar altas temperaturas (cerca de 1.500º Celsius) necessárias à fusão do minério. Como redutor, associa-se ao oxigênio que se desprende do minério com a alta temperatura, deixando livre o ferro. O processo de remoção do oxigênio do ferro para ligar-se ao carbono chama-se redução e ocorre dentro de um equipamento chamado altoforno.
Antes de serem levados ao altoforno, o minério e o carvão são previamente preparados para melhoria do rendimento e economia do processo. O minério é transformado em pelotas e o carvão é destilado, para obtenção do coque, dele se obtendo ainda subprodutos carboquímicos.
No processo de redução, o ferro se liquefaz e é chamado de ferrogusa ou ferro de primeira fusão. Impurezas como calcário, sílica etc. formam a escória, que é matériaprima para a fabricação de cimento.
A etapa seguinte do processo é o refino. O ferrogusa é levado para a aciaria, ainda em estado líquido, para ser transformado em aço, mediante queima de impurezas e adições. O refino do aço se faz em fornos a oxigênio ou elétricos.
Finalmente, a terceira fase clássica do processo de fabricação do aço é a laminação. O aço, em processo de solidificação, é deformado mecanicamente e transformado em produtos siderúrgicos utilizados pela indústria de transformação, como chapas grossas e finas, bobinas, vergalhões, arames, perfilados, barras etc.
Com a evolução da tecnologia, as fases de redução, refino e laminação estão sendo reduzidas no tempo, assegurando maior velocidade na produção.


Escola de Minas de Ouro Preto - 1870



Com criação da Escola de Minas em Ouro Preto ,em 1870 , ainda no período do Brasil Colonial, permitiu-se o enfrentamento de um problema central ao setor siderúrgico: a formação de mão-de-obra especializada e a introdução de novas técnicas.

Embora sendo uma instituição do governo do Império, a Escola de Minas teve a  intimidade do governo provincial na sua gestão, buscando pesquisar extensas regiões e influir na administração pública em busca de se criar um império siderúrgico. Esse sonho, entretanto, ficou adormecido até que a explosão da Primeira Guerra Mundial fez ecoar pelo planeta seus efeitos.  A impossibilidade de importações força o ritmo de substituição dos produtos importados. Era o embrião nacional do acordo que quatro anos depois germinaria a Companhia Siderúrgica Belgo-Mineira.

A Belgo-Mineira portava, assim, a força de um processo histórico em que a natureza oferece o modelo econômico, mas quem vai desenvolvê-lo são as ações dos homens.

A Belgo-Mineira, nascia de um sonho, que aos poucos se transformava em realidade pelo trabalho de milhares de homens e mulheres, os verdadeiros agentes da história.

Há por aqueles momentos de outrora o interesse de uma empresa européia, a Aciéries Reunies de Burbach-Eich-Dudelange - ARBED.

Recebido oficialmente em 1920, o Rei Alberto I, da Bélgica, aliou-se aos grupos brasileiros que, liderados pelo Governador mineiro Artur Bernardes, combatiam o monopólio inglês”.

Artur da Silva Bernardes – Nasceu em Viçosa em 8 de agosto de 1875 e faleceu no Rio de Janeiro em 23 de março de 1955. Advogado e político brasileiro, foi Governador de Minas Gerais de 1918 a 1922 e Presidente do Brasil de 15 de novembro de 1922 a 15 de novembro de 1926.

O Governo do Presidente Arthur Bernardes – 1922 a 1926 foi marcado por um constante Estado de Sítio para enfrentar as revoltas tenentistas.

Sua ascensão ao poder deu-se num clima de indisciplina militar e civil, adquirindo aspectos nunca atingidos nas disputas presidenciais anteriores.

Uma reforma na constituição permitiu que o poder central pudesse intervir nos Estados.

Artur Bernardes
Presidente do Brasil 

1922 - 1926
Em Minas, atento ao valor estratégico dos minerais, decidiu mobilizar dinheiro, técnicos e equipamentos que, transferidos para o Brasil, misturados aos mineiros, deram o toque de modernização na formação de uma grande indústria, a primeira de grande vulto no país, instaurando mesmo a indústria pesada e inaugurando a transformação do Brasil em um país em que o modo de produção capitalista de produção tornou-se dominante, ou seja, o capitalismo industrial. 

Em 1920 após a visita do Rei Alberto I, da Bélgica, chegou ao Brasil, um grupo belgo-luxemburguês, ARBED, para uma missão técnica a Minas Gerais, constatando a possibilidade do grupo se associar a uma empresa brasileira já existente e a partir daí ampliar os negócios.



Rei Alberto I da Bélgica
Bello Horizonte -1920


Usina de Siderúrgica de Sabará - 1920

Forna de Aço Martin Siemens -
Carregamento Manual - Usina de Sabará



Usina de Siderúrgica de Sabará - 1923

E assim foi: Um século após a chegada do francês Jean Monlevade, ou seja, em 1917, Amaro Lanari, Cristiano Guimarães e Gil Guatimosin, jovens engenheiros recém formados pela Escola de Minas de Ouro Preto, conseguiram convencer o banqueiro Sebastião Augusto de Lima e o industrial Américo Teixeira Guimarães a investirem em um projeto ambicioso, ou seja, a criação de uma Companhia Siderúrgica na cidade de Sabará, com um investimento de capital de 350 contos de réis. A Cia era composta de um altoforno e uma oficina mecânica em Sabará.
Havia um sonho! O de produzir 25 t/dia de ferrogusa, sendo a maior produção no Brasil e América Latina.






Sabará - Minas Gerais

Em 1921, com o propósito de aumentar o capital, a fábrica de Sabará firmou uma aliança com o grupo ARBED, na época proprietário da forjaria de João Monlevade. A partir dessa parceria, as siderúrgicas passaram a ser chamadas de Companhia Siderúrgica Belgo-Mineira.

Por um bom tempo, as atividades da Belgo Mineira foram desenvolvidas apenas na usina em Sabará, já que João Monlevade ainda não possuía meios de transportes adequados.


O problema foi resolvido em 1931, quando o Presidente Getúlio Vargas assegurou aos investidores da ARBED que, em pouco tempo, os trilhos da estrada de ferro da Central do Brasil ligariam as cidades de Santa Bárbara e Rio Piracicaba.




Nasce Uma Grande Siderúrgica
No Coração Das Minas Gerais


Após o ouro de aluvião ter-se exaurido, iniciou-se um novo ciclo – o do minério de ferro (Fe). Este, o principal produto para os altofornos da usina.

Dr. Louis 
Jacques Ensch

Mais que um idealizador, também chega a João Monlevade, 110 anos após o francês Jean de Monlevade, o jovem Louis Jacques Ensch, preocupado que estava com o empreendimento aparentemente falido.

Nasceu no Grão Ducado do Luxemburgo, em 1895, um pequeno país europeu com não menos que 2500 km², e que em 1920 diplomou-se em siderurgia, pela Escola politécnica de Aix-Lachapelle, vindo para o Brasil, com 32 anos, também para dar continuidade a um século de um sonho.

Sua incomum capacidade e sua intelectualidade, o levou a se tornar o engenheiro chefe dos Altofornos, na Usina de Siderurgia em sua terra natal.

Mas, antes deve-se ressaltar um outro pioneiro, que marcou época junto com o Dr. Louis. 



Empreendimento Siderúrgico Nacional

Gaston Barbanson era um industrial belga, nascido em Bruxelas no dia 26 de Junho de 1876 e faleceu em Luxemburgo em 4 de Maio de 1946. Cofundador, em 1911, e diretor da ARBED, se tornando presidente após a morte de Émile Mayrisch.




Gaston Barbanson -
Presidente e Cofundador da ARBED


A ARBED era uma empresa pioneira na integração da Europa.

Tendo à frente este industrial, o novo grupo adquire, no início dos anos 20, propriedades em São Miguel de Piracicaba, - local em que Jean Monlevade instalara sua Forja Catalã, - e a Mina de Andrade, rica em minério de ferro e manganês.

Com ela, definia-se o lugar que no futuro marcaria o industrialismo mineiro. 


A falta de infraestrutura para escoamento da produção de gusa, e depois de aço, adiou por quinze anos (1921-1935) o projeto de construção de uma usina em João Monlevade, no Vale do Aço Mineiro.

Barbanson dedicou-se à consolidação da pioneira planta de Sabará.

E conforme foi dito, anteriormente, por estes tempos era Presidente do Brasil, o mineiro Artur Bernardes, governador à época do surgimento da Belgo-Mineira (1918-1922).

Um choque monetário, somado a uma disciplina fiscal para estabilizar a economia, provoca estagnação na produção industrial, crise que se reflete na Belgo-Mineira.

A ARBED, então, despacha para o Brasil Louis Ensch, jovem engenheiro luxemburguês, com o objetivo de avaliar a conjuntura e até, se fosse o caso, fechar a usina. É  sempre assim, quando alguém sai de um distante lugar pra fechar algo empreendedor, muito provável que vai acontecer exatamente o contrário. E aconteceu!!

E foi assim, que Dr. Louis Ensch chegou ao Brasil, 10 de Novembro de 1927, na cidade de Sabará, colocando em desenvolvimento um empreendimento paralisado, concluindo rapidamente que novos investimentos na linha de produção, com novos equipamentos e melhorias na qualidade do produto, poder-se-ia então reverter o quadro caótico daquela Usina e produzir o que sabia e gostava muito de fazer:  o aço.





Ele, um jovem com um verdadeiro espírito de liderança, revolucionando a indústria siderúrgica nacional e a bem da verdade já pensando numa missão honrosa que teria que fazer: a de formar com os seus colaboradores, - como ele mesmo gostava de falar em seus discursos – a primeira Vila Operária da América Latina, em João Monlevade e mais outros lugares por onde a Belgo-Mineira teria que passar para deixar seus rastros de um desenvolvimento industrial. 

Nota: aqui ressalto que somente vi um empreendedor tratar seus operários de colaboradores, no início da década de 90.

Dr. Louis Ensch foi muito mais longe. Avaliou não só a continuidade do empreendimento, mas tomou para si a tarefa de tocá-lo para frente, estimulado pelo próprio então presidente do Brasil, Artur Bernardes.

Em 11 de dezembro de 1921, a CSM, realizando reuniões com os acionistas, resultou numa associação de negócios e a Cia passou a se chamar: CSBM      (Cia Siderúrgica Belgo-Mineira).

Da associação da Companhia Siderúrgica Mineira com a Arbed – Acièries Reunies de Bourbach-Eich-Dudelange, do Luxemburgo, um grupo de aço, fundada em 1911, nasce em 1921, a Companhia Siderúrgica Belgo-Mineira, primeira usina siderúrgica integrada da América Latina.

Estava concretizado o sonho das Minas Gerais, estado rico em minério de ferro, de ter em suas terras um empreendimento siderúrgico de grande vulto.

A partir da Usina de Sabará, a Companhia Siderúrgica Belgo-Mineira fornecia ao mercado interno, perfis leves e ferro para construção.

Seus principais dirigentes, Gaston de Barbanson e Louis Ensch muito lutaram para que o empreendimento não perecesse devido à falta de infraestrutura viária e aos sucessivos choques monetários para estabilizar a economia e que acabaram provocando uma estagnação da produção industrial, que se refletiu na Belgo-Mineira.





É dessa fase, a compra de propriedades no atual Vale do Aço mineiro, com vistas à instalação futura de uma usina siderúrgica de porte, tão logo fosse equacionado o problema do transporte ferroviário para a região.

Sua outra dificílima missão, e esta extremamente técnica, a de desativar a incipiente fabrica de gusa, ferrodoce e aço.

Um jovem homem de uma qualidade empreendedora e humanista inigualável, acreditou e fez um sonho se realizar – produzir o gusa, matériaprima na fabricação do aço.

Posteriormente, foi convidado para dirigir a recém montada Usina de Siderurgia, em João Monlevade, que inclusive paralisada, estava com os estoques cheios.

Não obstante a problemática que encontrou, e entusiasta que era, dedicado aos seus propósitos, estimulou a todos que o acompanhavam no intento, fazendo assim, uma administração relevante, reequilibrando a situação econômica da Usina. Ampliou-a, colocando-a em funcionamento, com seus altofornos produzindo a todo vapor, bem como funcionando o laminador siderúrgico.


Uma Usina e Uma Cidade 
No Sertão Mineiro


Diferente da centenária Sabará, que já dispunha de razoável estrutura urbana, Monlevade no início da década de 30 era apenas um distrito do município de Rio Piracicaba.

O local onde seria construída a usina ficava na Fazenda da Barra do Rio Preto, adquirida por Gaston Barbanson.

Como na área central da fazenda situavam-se as antigas instalações de Jean Monlevade, a fazenda, com o tempo, foi chamada "João" Monlevade.

Por esse nome, afinal, ficaria conhecida a usina, muito embora inicialmente a Belgo-Mineira a tenha batizado como Usina Barbanson, em homenagem ao presidente da ARBED.


Usina Barbanson - Monlevade

Assim foi surgindo a Usina Siderúrgica de João Monlevade, agora na logomarca; CSBM.


O início de um grandioso processo siderúrgico



Perfuratrizes pneumáticas na Mina do Andrade

Mina do Andrade - Explosão a céu aberto

Carregamento de minério de ferro nos caminhões Euclid.



Carregamento de minério de ferro
Caminhões Euclid

Descarga de minério de ferro nos vagões

Ao Dr. Louis coube-lhe, assim, a honra de ser o primeiro a fabricar em Minas Gerais, com matériaprima do próprio Estado, o açodoce (baixo teor de carbono).

Em 1930, montou uma Trefilaria para produção de arame, na fabricação de pregos, fabricados pela primeira vez no Brasil.

Em meados da década de 40 a CSBM já era responsável por 50% do aço produzido no Brasil.



Usina de Monlevade - Década de 40



O Amarelo Gusa



Poço para Lingotes de Aço

Posteriormente, a CSBM, na pessoa do ilustre Diretor-Presidente Dr. Louis Ensch, cria a Samarco Mineração S.A., subsidiária da Samitri, e inicia o plano de modernização da Usina de Monlevade.

A tônica desta fase da Belgo-Mineira é o aumento do foco de atuação em trefilação e produtos derivados, que ocorre em paralelo ao esforço de profissionalização da administração.

A primeira Usina de Sabará é transformada em trefilaria e o plano de modernização da Usina de Monlevade, no valor de US$ 500 milhões, é concluído.

Dr. Louis Ensch montou também rio acima, do rio Piracicaba, uma Usina Hidrelétrica com capacidade para 2400 Kw, alimentando assim, a Usina de Monlevade; adquiriu reservas florestais para fornecimento do Carvão Vegetal, matériaprima na fabricação do aço, assegurando autosuficiência para a Usina e seus altofornos.







Bairro Jacuí

O carvão vegetal, preponderantemente usado na produção do ferrogusa, cumpre duas funções: como combustível químico para gerar calor necessário à operação do altoforno, retirando assim, o oxigênio do metal, durante o processo, bem como fonte de carbono.


Carvão Vegetal transportado
em caminhões da CSBM

Com esta autosuficiência a Belgo-Mineira alcançou uma produção de 20.000 t de Ferro laminado, no ano de 1930.

Sua produção foi o equivalente a 100 t de produtos siderúrgicos tais como: ferros redondos, quadrados, chatos, cantoneiras de todas as bitolas, que são utilizadas na construção civil, indústrias de serralheria e mecânica.

Em 1934, Dr. Louis Ensch já avançava suas idéias para a construção do que seria um sonho a ser realizado: A maior usina siderúrgica do mundo, no coração das Minas Gerais.

Eram muitos os empregos diretos e indiretos que a Belgo-Mineira promovia naquela região.

Getúlio Vargas
Presidente do Brasil
1930 a 1945

Presidente Getúlio Dorneles Vargas -  Nasceu em São Borja, em 19 de abril de 1882 e faleceu em 24 de agosto de 1954, no Rio de Janeiro. Advogado e político brasileiro, líder civil da Revolução de 1930, que pôs fim à República Velha, depondo seu 13º e último presidente, Washington Luís, e, impedindo a posse do presidente eleito em 1º de março de 1930, Júlio Prestes.
Foi Presidente do Brasil em dois períodos. O primeiro período foi de 15 anos ininterruptos, de 1930 a 1945, e dividiu-se em 3 fases: de 1930 a 1934, como chefe do “Governo Provisório”; de 1934 até 1937 como Presidente da República do Governo Constitucional, tendo sido eleito presidente da pela Assembleia Nacional Constituinte de 1934; e, de 1937 a 1945, como Presidente-Ditador, durante o Estado Novo, implantado após um golpe de estado.

Em 1935 iniciou-se a construção da Usina de Monlevade, orgulho dos Mineiros.

Desta feita, o Ex.mo Sr. Presidente Getúlio Vargas chega e João Monlevade para lançar a pedra fundamental da Usina de Monlevade.






Lançamento da Pedra Fundamental da CSBM
Discurso do Dr. Louis Ensch
Presidente Getúlio Vargas
31 de agosto de 1935


Esta foi base para a construção de uma outra no Rio de Janeiro, a Usina de Volta Redonda – Companhia Siderúrgica Nacional, fundada em 1941.


A Conquista Do Rio Doce


A constante preocupação da Belgo-Mineira em construir infraestrutura adequada ao trabalho revela-se ainda com maior intensidade no grande desafio que representou montar um plano para garantir o fornecimento de carvão vegetal à usina.

Embora a região que circundava a usina de Monlevade fosse coberta por densa mata nativa, tinha-se a consciência de que cada vez mais as reservas ficariam distantes e por isso, logo no início da construção da usina, a Belgo-Mineira tratou de adquirir reservas florestais por todo o vale do rio Doce.

Ainda nos primeiros anos da década de 30, a empresa fora beneficiada por uma lei estadual que concedeu dez mil hectares de terras cobertas de mata virgem, que se estendiam desde a foz do rio Piracicaba, à margem direita do rio Doce, até o município de Caratinga.

Mas considerando-se a demanda pelo carvão vegetal, a área ainda era insuficiente. 

A partir de 1935, através de representantes comerciais, a Belgo-Mineira passou a adquirir grandes extensões de terra, inclusive na margem esquerda do rio Doce, onde existiam somente pequenas e esparsas cidades surgidas ao longo da Estrada de Ferro Vitória a Minas ou às margens dos principais rios.

Uma região extremamente inóspita, onde, dizia-se, ocorriam de três a cinco mortes por dia por causa da malária - isso sem falar na violência, porque a inacessibilidade da região fornecia abrigo ideal a muitos criminosos. 

Era difícil até mesmo obter mapas detalhados da região, porque os topógrafos contratados pelo estado acabavam fazendo medições errôneas, por não quererem expor-se demais aos perigos. 

Para possibilitar a implantação de núcleos de extração de madeira e carvoejamento, a Belgo-Mineira montou uma base inicial em Calado, que depois se tornaria o município de Coronel Fabriciano, um importante centro regional. 

A localização era estratégica, a meio caminho entre Figueira do Rio Doce - depois Governador Valadares - e Monlevade, servindo de "porta" de entrada para todo o vale do rio Doce. 

Além disso, a incidência de malária no local era pequena, uma vez que ali o solo era bastante silicoso, absorvendo as águas pluviais e, portanto, impedindo a formação de poças d'água, onde o mosquito transmissor se proliferava. 

Calado era um pequeno arraial com não mais de 15 casebres que praticamente só existia em função da "parada" do trem da Vitória a Minas, para reabastecimento de água e lenha para as locomotivas. 

A partir de 1937, porém, seria um verdadeiro "quartel general" da Belgo-Mineira para a conquista do vale do rio Doce. 

Ali a empresa construiu um escritório e um ambulatório, residências para o superintendente e médicos responsáveis e, logo depois, um grande hospital, o "Siderúrgica". 

O hospital, necessidade inquestionável pelas características da região, foi entregue à administração das irmãs da Piedade, que já administravam a Santa Casa de Sabará. 

Anexa à grande construção que abrigava o hospital, foi construída também uma singela capela. 

A partir dali, organizaram-se vários pontos de extração de madeira e produção carvoeira por todo o vale - uma atividade que cresceria em importância nas décadas seguintes. 

Em cada local, foi montada uma base, com posto médico e serviço de enfermaria, que era ligado ao hospital de Calado. 

E, na medida em que a Belgo-Mineira ia criando novos postos - chegaram a ser 27 enfermarias em toda a região -, ia também promovendo serviços de engenharia sanitária, aterrando lagoas insalubres, retificando córregos e aplicando inseticidas. 

Mesmo assim, durante muitos anos a malária foi o grande inimigo a ser vencido e necessitou o trabalho de um grande número de médicos, verdadeiros heróis na luta contra a doença, que dizimava os trabalhadores. 

Eles percorriam vários pontos da região - de trem, a cavalo, no lombo de mulas - para fazer trabalhos preventivos ou emergenciais. Contra eles, existiam ainda as péssimas condições de vida da população local, agravada ainda mais por hábitos culturais que, muitas vezes não se adequavam às medidas sanitárias.

A Belgo-Mineira logo percebeu então que era necessário ir ainda além. 

Em cada núcleo implantado em meio à floresta, mesmo que a mão-de-obra fosse terceirizada, foi construindo casas de alvenaria - simples, mas com condições sanitárias adequadas -, escolas, postos permanentes de saúde, foi abrindo e iluminando ruas, além de também abrir um número imenso de rodovias vicinais, não apenas necessárias ao próprio escoamento da produção de carvão, como promotoras da integração regional. 

Sozinha, a Belgo-Mineira foi responsável pela construção de mais de mil quilômetros de estradas de rodagem em todo o vale do rio Doce.

Foi assim que a Belgo-Mineira colaborou em grande medida para a ocupação e a valorização econômica de toda a região. 

Em torno dos núcleos carvoeiros, foram surgindo prósperas cidades - Goiabal, Dionísio, Alfié, Grama, Santa Isabel, Ipatinga, Jaguarassu, Várzea da Palma.

Na cidade de Várzea da Palma, a Belgo-Mineira construiu mais de 300 quilômetros de estradas de rodagem , escolas, hospital e até um campo de pouso para aviões, e, posteriormente, transformou-se no município de Pirapora.

A cidade de Ipatinga, surgiu da doação de áreas feita pela Belgo-Mineira à comunidade.

A partir dos anos 40, com a implantação do serviço de reflorestamento, esses núcleos teriam importância crescente e serviram, inclusive, de ponto de partida para a implantação de outras grandes usinas siderúrgicas, como a Acesita(1944) - (hoje pertencente à ArcelorMittal Inox Brasil) e a Usiminas(1956), para as quais a Belgo vendeu parte de seu patrimônio florestal. 

Para as comunidades locais, porém, ficou o legado de melhor qualidade de vida impulsionado pela Belgo-Mineira. 

Muito tempo depois, constatou-se, por exemplo, que Dionísio, já uma cidade com mais de dez mil habitantes, apresentava um dos mais baixos índices de analfabetismo de todo o estado de Minas Gerais. 

Talvez o resultado de longo prazo dos primeiros grupos escolares mantidos ali pela Belgo-Mineira, décadas antes.

A Corrida do Gusa

Após dois anos de iniciado a construção, em 1937, a CSBM fazia sua primeira corrida de gusa em seu primeiro altoforno.



Do Melado ao Aço


A partir de Monlevade, a história da Belgo-Mineira é um percurso de crescimento e superação de desafios.

A Segunda Grande Guerra Mundial, de 1939 a 1945, até 1944 ganhava maiores proporções.  Monlevade havia pouco começara a funcionar.   

Mas, devido à guerra, cessadas as importações, as estradas de ferro do país ressentiam-se da falta de trilhos com que renovar as suas linhas.

Foi nessa conjuntura que a Belgo-Mineira, desejando avultar a sua contribuição ao esforço de guerra do Brasil tomou, por decisão do Dr. Ensch, a iniciativa de instalar em Monlevade um "laminador" para fabricar trilhos. Mas onde buscar o "laminador"?

Num rasgo próprio do Dr. Ensch e da história da Companhia, resolveu-se a construir o "laminador" na própria oficina mecânica de Siderúrgica.

Já no começo da década de 1940, a Belgo-Mineira, alimentada por carvão vegetal, fazia 50% do aço produzido no Brasil.

O período de 1938/1949 é assim uma fase de ampliação e modernização dos processos de fabricação tradicionais.

Para que a usina funcionasse, em pleno sertão de Minas Gerais, numa região dominada por morros, era preciso que antes de tudo se criassem condições de vida no local.

Assim, decidiu-se que a usina ficaria no alto de uma pequena esplanada e o conjunto urbano seria construído em seu redor.

Estava nascendo então a segunda Vila Operária da América Latina.

A cidade mereceria, aliás, tanto ou mais planejamento do que a própria usina.

Seu projeto foi entregue a um jovem e talentoso urbanista chamado Lúcio Costa. Surgindo com isso, construções em estilo Neoclássico, ao lado da Usina. 

Um "ensaio", talvez, em grande estilo, da obra que seria realizada, anos depois, em pleno Planalto Central.

Até 1938, os funcionários da Belgo-Mineira eram acomodados em hotéis e alojamentos provisórios construídos especialmente e com algum conforto, mas não era possível que essa situação perdurasse.

Ao redor do imenso platô formado para sustentar as instalações da usina, acima e abaixo, foram então surgindo as vilas residenciais, a partir das ruas Beira Rio e Siderúrgica, que ficavam entre a margem do Piracicaba e uma exuberante mata nativa. 


A CSBM cresce organicamente num planejamento
urbanístico cuidadosamente traçado

Do núcleo pioneiro, novos conjuntos foram construídos ao longo dos anos, todas com nomes de grupos indígenas brasileiros - Tupis, Guaranis, Carijós, Caetés, Aimorés, Tamoios, Tabajaras e Tocantins.




Conjuntos Residenciais
construídos pela Belgo-Mineira

Do outro lado do rio, foram construídas as ruas Tapajós, Paraúna, Tietê, Amazonas e Santa Cruz.

E, próximo ao ribeirão Carneirinhos, as vilas Engenheiros, Vila Tanque, Baú, Areia Preta e Pirineus.







Ampliação e Modernização – Anos 50


Nos anos 50, a Usina da Belgo foi ampliada e modernizada, passando a ocupar importante espaço na produção de aço no País.

O crescimento da usina encontrava-se diretamente associado ao desenvolvimento de João Monlevade, que, apesar de estar ligada politicamente ao município de Rio Piracicaba, permaneceria como um núcleo urbano privado, administrado pela companhia até os anos 60.



1-) Assistência Médica 2-) Cassino 3-) Neste prédio havia o Banco Comércio e Indústria de Minas Gerais, a Rádio Cultura; mais à frente virando à esquerda, ficava o Cine Monlevade, Foto Diló, o Bar para todos, Barbearias, etc, etc, etc.; 4-) Colégio Estadual de João Monlevade; 5-) Hotel Siderúrgica 6-) Ideal Clube e 7-) O Lactário construído pela própria Belgo-Mineira.


Economicamente o município sempre viveu da extração de recursos minerais, como o minério de ferro, as pedras preciosas e a produção de aço.

Em 1943, já existiam em Monlevade 600 residências; e em 1952 eram ao todo 2.500 residências, distribuídas em 19 núcleos residenciais.



CSBM - 47 anos de produção







Também começou a ser construído, a partir do final da década de 40, todo um conjunto obras de infra-estrutura e serviços - redes de água e esgoto, estação de tratamento, abertura, calçamento e iluminação de ruas, rodovias vicinais, centro comercial, escolas, hospitais, hotéis - como o "Cassino" -, clubes, cinema, igreja e muitos outros equipamentos urbanos estruturais e sociais. 


Surgem os primeiros hotéis e o majestoso e ostentoso Cassino. 



O majestoso Cassino(acima)
Hotel Siderúrgica(abaixo)

“Ao mesmo tempo, a administração sob o comando de Ensch não descurou também da questão do minério de ferro".




Nota do Bottary nº 1:

Meus Amigos e Minhas Amigas:

Não poderia deixar de mostrar aqui, a sublime homenagem que foi feita ao magnânimo engenheiro e empreendedor humanista nos negócios da siderurgia, na incipiente João Monlevade, Dr. Louis Ensch.
É de justiça lembrar que foi ele um homem de uma nobreza ímpar, cuja capacidade de agregar valor aos seus colaboradores – e era assim que ele tratava com seus funcionários da Belgo-Mineira – mostrando espontaneamente ser alguém muito além de ser alguém que daria valor tão somente aos seus altofornos.
Foi mais que um patrão; ele foi um verdadeiro Pai pra todos, nos dizeres populares.
Neste contexto gostaria de mostrar, nesta pesquisa, o conteúdo na íntegra dos discursos proferidos nas homenagens que se seguiram no palco do ostentoso Cine Monlevade, no dia 15 de Novembro de 1952.


BODAS DE PRATA

25º  Aniversário 
Administração do Dr. Louis Ensch

Transcorreu, no mês de novembro de 1952, o vigésimo quinto aniversário da administração do Dr. Louis Ensch, Diretor-Geral da Companhia Siderúrgica Belgo Mineira.

Desejando comemorar com o merecido destaque a passagem dessa efeméride tão significativa, os seus colaboradores imediatos fizeram realizar diversas solenidades nas Usinas de Siderúrgica e Monlevade, dando ensejo a que todo o pessoal da empresa se associasse às homenagens prestadas ao seu eminente Diretor-Geral.

Para o maior brilhantismo dos festejos, contaram os seus realizadores com a plena solidariedade dos órgãos administrativos da companhia, especialmente dos ilustres componentes da sua Diretoria, senhores: Christiano França Teixeira Guimarães – Presidente; Mário Dias de Castro – Vice-Presidente; Jules Verelst – Diretor-Superintendente; Trajano de Miranda Valverde – Diretor-Primeiro Secretário e Edmundo da Luz Pinto – Diretor-Segundo Secretário.


Álbum em homenagem aos 25 anos
de administração do Dr. Louis Ensch
Fazendo editar o presente álbum que, contendo uma síntese do que foram aquelas festividades, é, ao mesmo tempo, um testemunho do que representa a Companhia Siderúrgica Belgo-Mineira no panorama industrial do Brasil, desejam os seus autores consignar a sua grata e sincera homenagem aos dignos diretores da Companhia que, com a sua esclarecida orientação e valioso apoio, tornaram possível a concretização deste empreendimento.


Discurso pronunciado pelo Dr. Albert Scharlé, em nome do pessoal da Companhia, na sessão solene realizada no Cine Monlevade, em 15 de novembro de 1952:

Exmo. Sr. Dr. Louis Ensch e Exma. Senhora,

Minhas senhoras e meus senhores,

“Todos nós, reunidos hoje neste recinto, como integrantes da mesma grande família, cercando carinhosamente a figura do nosso querido chefe, sentimos os corações transbordando da mais legítima e natural alegria, ao festejar as bodas de prata da administração Louis Ensch, cuja vida se identifica com a própria Cia. Siderúrgica Belgo-Mineira.
Dr. Albert Sharlé
Diretor
É, certamente, uma praxe muito louvável e justa, em tal efeméride, voltar os pensamentos ao passado, para relembrar tanto as horas alegres quanto os momentos amargos de tão longa convivência, para melhor apreciação da tarefa realizada.
Um quarto de século atrás, em meiados do ano de 1927, estava em jogo o futuro da Cia. Siderúrgica Belgo-Mineira...
Com 6 anos de vida infrutífera, acabava ela de acordar de um sono improdutivo de mais de 6 meses, sem nenhuma esperança no porvir.
Foi então que os responsáveis pela empresa resolveram fazer uma última tentativa, para salvar a existência de um empreendimento que parecia condenado ao fracasso.
Lembraram-se, em boa hora, de um jovem engenheiro, que trabalhava numa das suas usinas na Europa, o qual, apesar de seus 30anos de idade, já havia alcançado o elevado cargo de chefe de serviço, num meio altamente conservador e de grande competição de valores humanos, graças às suas altas qualidades profissionais e ao seu dinamismo invulgar.
E, nas mãos decididas deste homem, foi colocado então o destino da Companhia!
Assim, numa tarde risonha de 10 de novembro de 1927, apareceu em Sabará, o engenheiro Louis Ensch, credenciado não somente pelo título de novo Diretor da Usina, mas também pela mais alta capacidade técnica e organizadora.
O ambiente parecia de todo acolhedor...De um lado, a natureza festejava sua renascença anual, numa sinfonia maravilhosa de cores, e um clima ameno envolvia os sentidos.
De outro lado, um punhado de homens devotados ao trabalho apresentava as suas sinceras boas-vindas ao novo chefe.
Mas a realidade nua era bem diferente...
Lá estava, cercada de altos morros, a pequena usina de Siderúrgica, transformando penosamente, cada dia, umas 20 toneladas de gusa em outras tantas de aço e laminados.
Porém, este material destinava-se a ser guardado nos depósitos, porque as fundições e os construtores do País nenhuma confiança tinham nos produtos da siderurgia nacional.
Não dispunha a usina da menor garantia para suprimento de combustível ou de outras matérias primas indispensáveis, salvo talvez o minério de ferro, que era rudimentarmente explorado na jazida do Segredo.
Para completar este quadro desolador, basta dizer que fora da cerca da usina, não tinha a Empresa – seriamente endividada – um plano de terreno, sendo que o próprio trilho que dava acesso à casa da bomba, nas proximidades do rio, era de propriedade de outros.
Como quartel-general, dispunha de um pequeno barracão, pretensiosamente chamado escritório, ao lado do qual o atual escritório provisório de Monlevade é um autêntico palacete.
E na realidade, não existia motivo, então, para acomodações mais vastas, porquanto o modesto dirigente, sozinho como se achava, teve de acumular na sua pessoa, todo o peso das funções técnicas, comerciais e administrativas, desde diretor a engenheiro chefe, chefe de serviço e engenheiro assistente, às vezes mesmo contra-mestre...
Tal situação desanimadora, no entanto, longe de oprimir o espírito do novo dirigente, provocou nele uma reação criadora, quase como um desafio contra tantas adversidades!
À sua tarefa, dedicou-se ele com todo o ardor e entusiasmo próprios da mocidade, seguro de si mesmo, e infundindo nos seus colaboradores a sua própria fé no futuro.
Em conseqüência de tal intervenção enérgica e clarividente, ligada ao profundo conhecimento do assunto, não podiam deixar de aparecer os primeiros sintomas de convalescença.
Graças a um esforço heróico de todo pessoal, esforço que exigiu, muitas vezes, sacrifícios materiais a até morais, começaram os produtos da usina a conquistar o mercado interno.
Foi posto em serviço o novo alto forno; criou-se uma base carbonífera com os próprios recursos e, em meados de 3 anos, estava saneada a situação financeira da Companhia, e evidenciada a razão de sua existência.
É de justiça realçar aqui a colaboração dedicada dos operários da usina, os quais, no momento mais crítico, concordaram, num grande espírito de sacrifício, em uma redução de salários, fato inédito na historia da indústria.
Para qualificar tal realização, existe só uma palavra, cunhada nos Estados Unidos da América, ao tempo da sua formação ‘PIONEIRO’! Pioneiro da siderurgia no Brasil!
Fortificada e em franco desenvolvimento, como se achava, foi com relativa facilidade que a empresa venceu os efeitos desastrosos da crise mundial nos anos de 1930 e 1931.
Tendo assim a Companhia suportado, valorosamente, mais esta prova árdua, não hesitou o seu jovem administrador em realizar os seus planos de ampliação da usina, construindo mais um forno de aço, e um novo laminador, e criando uma fonte segura de energia elétrica.
Mas não se descuidando do bem estar de seus colaboradores, fez construir a primeira Vila Residencial para os empregados, organizou o Serviço Médico, e fundou Clubes esportivos e recreativos.
E, a esse tempo, tendo colocado a usina de Siderúrgica em base inabalável e autônoma, volveu os seus olhos, em fins de 1934, para os planos já amadurecidos, de construção de uma nova usina!
Com efeito, graças à sua fé absoluta no futuro do Brasil, à sua coragem indomável e à sua palavra convincente, havia o nosso grande chefe conseguido a autorização e alguns recursos, embora escassos, para começar a realização da usina de Monlevade
Dos seus colaboradores, que tiveram a ventura de contribuir, ainda que modestamente, para a concretização deste grandioso plano, poucos são os que, em raras ocasiões, se lembram das dificuldades aqui intransponíveis, das adversidades tenazes, dos empecilhos fatídicos, que se antepunham ao esforço humano, durante a construção desta obra.
Queremos só recordar as viagens longas e exaustivas a cavalo e em vagões abertos do lastro, as juntas de bois arrastando o primeiro maquinismo na chamada “esplanada”, a instabilidade do terreno, que desafiou os mais seguros cálculos...
Está aqui, visível a todos os olhares, o imponente monumento de trabalho e progresso, obra de uma só homem, e para o qual não hesitamos em aplicar as famosas palavras do primeiro Ministro inglês, proferidas em fins de 1940: nunca tantos homens deveram tanto a tão poucos!
É de justiça, no entanto, que sejam postas à luz do dia algumas das épocas ou decisões mais marcantes da história de Monlevade.
Durante os anos de 1936 até fins de 1939, foram construídos e postos em funcionamento, de acordo com um plano preestabelecido, uma possante usina hidrelétrica, 2 altos fornos, 2 fornos de aço e os laminadores.
Quando tudo estava pronto para os primeiros e reais resultados, sobreveio a segunda guerra mundial.
Mas o nosso eminente administrador não foi tomado de surpresa, nem desprevenido...
Com efeito, graças à sua clarividência, infalível, e com plena ciência de sua responsabilidade, tinha ele mandado acumular, nos diversos depósitos das usinas, vultosas quantidades das indispensáveis matérias primas de importação, previdência que permitiu à empresa produzir a plena marcha, durante o longo período da conflagração mundial.
Mas não parou por aqui a inestimável contribuição do nosso homenageado, para o desenvolvimento da indústria siderúrgica no Brasil.
Estamos todos lembrados daquela memorável entrevista com o Ministro da Viação e Obras Públicas, em fins de 1942, durante a qual o Dr. Ensch, dando prova mais uma vez de sua coragem audaciosa, assumiu o compromisso de fornecer ao Brasil, dentro de um ano, trilhos para as suas estradas de ferro, compromisso esse que tão brilhantemente cumprido!
Baseado em observações perspicazes, colhidas durante a guerra, e em estudos da situação econômica, tanto interna quanto internacional, tratou logo o Dr. Ensch de solidificar as bases da usina de Monlevade, dotando-a sucessivamente de instalações novas e inéditas, marcando cada uma delas novo passo de pioneiro.
Entre tais inovações, citemos: a maquinaria para produção de arame duro de alta qualidade, valorizando ao mesmo tempo o material e a mão de obra; a moderníssima Fábrica de Tubos galvanizados, que proporcionou ao Brasil a independência dos produtos estrangeiros; a famosa usina de Sinterização, cujo produto não só deu resultados espetaculares nos Altos Fornos, como também permitiu uma exploração racional e total das riquezas minerais da jazida de Andrade.
Só esta última providência, em conjunto com o reflorestamento artificial intenso, deu á empresa a garantia de uma vida perene, nas mais sólidas condições econômicas; o Laminador reversível, que além de fornecer a matéria prima para a Fábrica de Tubos, veio abrir um novo mercado compensador, para fitas de alta qualidade.
Tão impressionante conjunto de realizações daria, ao administrador mais ambicioso, motivos de sobra para intercalar, em suas atividades, um período de descanso, mais do que merecido.
Mas não para o estimado Chefe...
Confiante no grande futuro do Brasil, seu espírito criador já concebeu novos grandiosos planos de ampliação das instalações e de especialização dos produtos, com introdução de novos processos e maquinaria ultra-moderna, projetos estes em plena via de estudos e execução.
Como grande e autêntico líder que é, não podia o Dr. Ensch deixar de cuidar também do bem estar de seus colaboradores.
À medida que surgiram os fornos e chaminés da usina, foram sendo criados Hospitais, Assistências, Escolas, Igrejas.
Essa atividade social tomou um surto extraordinário, desde o dia memorável em que um destino providencial fez o Dr. Ensch encontrar a companheira ideal da sua vida.
Este acontecimento foi duplamente auspicioso.
De uma parte, proporcionou ao nosso querido chefe um lar reconfortador, que o faz esquecer os dissabores quotidianos da profissão; e por outra, conquistou para os seus colaboradores uma defensora, ardente e incansável, das suas necessidades materiais e morais.
Para aquilatar devidamente a obra monumental do nosso homenageado, quero me reportar às críticas frequentemente surgidas no inicio da construção desta usina, quando não foram poucos os descrentes que, de boa ou má fé, julgaram a sua atividade condenada ao fracasso, classificando-a desdenhosamente de “siderurgia a lombo de burro...”
No entanto, quão errados estavam tais profetas!
Com efeito, uma industria, sabiamente baseada sobre o carvão vegetal e a força hidroelétrica, quer dizer, sobre duas fontes essenciais de combustível e energia, que se renovam indefinidamente, sob a ação duradoura do sol, oferece, sem dúvida, maior estabilidade do que as empresas que consomem reservas de combustível acumuladas pela natureza, mas esgotáveis em futuro previsível.
E não hesitamos um momento em afirmar que, se amanhã, o ilustre realizador desta majestosa usina tivesse de recomeçar, empregaria as próprias palavras do herói da imortal obra de Corneille: “ Je le ferais encore, si j’avais à le refaire”, quer dizer, faria a mesma coisa se tivesse de fazer de novo.
É pois, com o mais legítimo orgulho e a mais justa satisfação que vós, Dr. Louis Ensch, podeis contemplar esta vossa obra, na certeza e perfeita usina, uma usina pioneira, que abriu o caminho e deu o exemplo, no Vale do Rio doce, para outras empresas congêneres já estabelecidas ou que vierem a ser montadas.
E aproveitando a grata ocasião deste dia significativo, queremos pedir-vos que aceiteis uma modesta lembrança que entrego em nome de todos os membros desta grande família, a Belgo-Mineira, com a expressão do profundo reconhecimento, da elevada admiração e da sincera amizade que soubestes implantar no coração de cada um de nós.
Faço votos ardentes para que Deus vos dê, assim como à vossa Exma. Família, muitos anos de felicidade perfeita, com vigor e saúde, a fim de poderdes continuar vossa atividade criadora, para o bem dos vossos colaboradores e para a grandeza do Brasil.



Discurso pronunciado pelo Dr. Louis Ensch, na sessão solene realizada no Cine Monlevade, no dia 15 de novembro de 1952.

“Meus senhores, minhas senhoras,

Acabo de escutar, com profunda emoção e sincero prazer, as palavras dos dignos oradores que se fizeram ouvir nesta solenidade, trazendo à minha pessoa, e à minha Senhora, a generosa homenagem da nossa Companhia, aqui representada por seus órgãos administrativos e por seu dedicado pessoal.
Ao aceitar, em 1927, o convite que me foi feito pelos saudosos amigos Emile Mayrish, Gaston Barbanson e Aloyse Meyer, - a cuja memória desejo render o preito da minha grande admiração – para vir dirigir, no Brasil, a Usina que então se formava, da Companhia Siderúrgica Belgo-Mineira, estava certo de que se abria, para a minha vida profissional, um novo campo de possibilidades imprevisíveis.
E o que me entusiasmava, acima de quaisquer possíveis recompensas materiais, era a oportunidade de aplicar, em um País de vida industrial ainda em formação, as experiências e os ensinamentos adquiridos no Velho Continente.
Assim, neste último quarto de século, dediquei quase todas as horas da minha vida aos empreendimentos que vimos realizando, e cuja admiração me foi confiada.
Sinto-me tranqüilo, porque estou certo de haver feito o possível, para justificar a confiança em mim depositada.
Porém, devo confessar, que, se me coube assumir tão grande parcela de responsabilidade, menor não foi o quinhão dos meus colaboradores, nos trabalhos de realização do importante conjunto industrial que é hoje o valioso patrimônio da nossa Companhia.
Dos meus companheiros de Diretoria, tenho recebido as mais confortadoras provas de solicitude pelo constante êxito dos nossos empreendimentos.
Nos ilustres componentes dos nossos Conselhos, encontrei sempre a mais perfeita compreensão dos graves problemas cuja solução tivemos de equacionar.
E dos mais modestos empregados, aos técnicos e engenheiros mais graduados, que foram a grande família siderúrgica que se constituiu nos nossos núcleos de trabalho, sempre recebi a mais completa lealdade, numa constante demonstração de interesse pelo progresso da empresa.
São tantos estes colaboradores, que me sinto na impossibilidade de referir-me nominalmente a todos eles, embora cada um tenha o seu grande mérito pelo trabalho realizado...
Peço-vos permissão, todavia, para lembrar o nome de Albert Scharlé, meu querido companheiro, na usina de Siderúrgica, tem me acompanhado com a sua sincera amizade, sua dedicação e sua competente capacidade, tornando-se merecedor de todo o meu reconhecimento.
Sendo, pois, o fruto do esforço e da dedicação de todos os integrantes da empresa, o êxito dos nossos empreendimentos não deve ser atribuído unicamente à minha pessoa.
Por todas estas razões não poderiam ser mais generosos meus colaboradores imediatos, ao programarem, sob os auspícios dos colegas da Diretoria, as comemorações do vigésimo quinto aniversário da minha administração.
Recebo, assim, com inexprimível emoção, as homenagens de que venho sendo alvo, e desejo aproveitar esta oportunidade para testemunhar os meus sinceros, agradecimentos aos meus colegas e colaboradores, e aos distintos convidados que, com a sua honrosa presença, tanto brilho vieram emprestar a estas solenidades.
Estou certo de que, no futuro, continuaremos todos juntos a trabalhar pelo maior desenvolvimento da nossa empresa.
Terminada, que foi, o que podemos chamar de primeira fase da usina de Monlevade, já estamos empolgados pela duplicação da sua capacidade produtora.
Aprovados os primeiros planos, e colocadas as encomendas das novas instalações com que iremos alcançar aquele resultado, iniciaremos em breve os trabalhos de expansão da usina.
E, se pudermos continuar trabalhando, como até  hoje, num ambiente de perfeita compreensão dos deveres de cada um, e de completa harmonia em todos os setores de atividades, daremos mais um importante passo para a completa emancipação industrial do Brasil.
Meus Senhores,
Não desejo terminar estas palavras sem expressar a minha profunda satisfação pela presença, entre nós, de um dos mais esclarecidos estadistas brasileiros, cuja vida tem sido um constante exemplo de amor e dedicação aos mais elevados interesses da Pátria!
Quando Presidente de Minas Gerais, nos primórdios dos nossos empreendimentos, foi de Sua Excia. que recebemos os melhores estímulos para o real desenvolvimento da siderurgia em nosso Estado.
Quando os nossos produtos de aço – os primeiros laminados fabricados no Brasil – ainda eram recebidos com desconfiança, por se tratar de produto nacional, foi Sua Excia. quem ordenou o seu emprego nas obras públicas, dando uma evidente prova de confiança na qualidade do aço mineiro.
No correr da sua longa e brilhante vida pública, tem sido um ardoroso defensor do desenvolvimento da siderurgia em Minas Gerais, bem compreendendo a sua importância para a economia do Estado e o progresso do Brasil.
Refiro-me, como vós, certamente, já o compreendestes, ao eminente Presidente Melo Vianna, ilustre Senador da República, a quem agradeço, de público, por tudo que tem feito pela siderurgia de Minas Gerais e, por conseguinte, pela Belgo-Mineira.


Discurso pronunciado pelo Dr. Edmundo da Luz Pinto, em nome da Diretoria da Cia. Belgo-Mineira, no baile de gala realizado no Social Clube de Monlevade, em 15 de novembro de 1952:

“Meu caro Dr. Ensch:

Os nossos colegas de Diretoria incumbiram-me de testemunhar-vos nossa calorosa solidariedade às justíssimas homenagens que estão celebrando o vosso 25º aniversário de chegada ao Brasil e de vossa administração em nossa Companhia.
“ A vida, escreveu Disraeli, é muito curta para ser pequena.”
Dr. Edmundo da Luz Pinto
Diretor-Segundo Secretário
Quis assim notável homem de estado, que deu à sua Pátria as maiores glórias do seu império, exprimir, n’um aparente paradoxo, o dever que temos todos de nobilitar a nossa precária existência humana com atos e feitos que a transbordem dos efêmeros anos que a confiança, para o quadro radioso da posteridade onde, corrigindo, por vezes, as injustiças dos contemporâneos, os nossos sucessores venham colher os resultados das nossas criações de inteligências ou estudo, das nossas generosidades ou dos nossos heroísmos, das nossas abnegações ou dos nossos sacrifícios.
Não sei se conheceis, quando aqui chegastes, em plena mocidade, tão sugestivo pensamento. Dir-se-ia, entretanto, que, por ele norteastes a vossa vida, fazendo dela um edificante exemplo de trabalho e uma admirável revelação de valor pessoal, que logo vos impuseram ao respeito de todos os vossos colaboradores.
Éreis, então, um jovem técnico que trazia para a nossa incipiente indústria siderúrgica, começada, através de tantas lutas e incompreensões, pela tenacidade de alguns mineiros ilustres, a contribuição de sua extraordinária competência, que os avisados dirigentes da Arbed já reconheciam como das mais promissoras para a realização do seu programa benemérito.
Cedo, porém, vos revelastes o administrador clarividente, o criador de equipes, o mestre dos seus companheiros, que soube logo transformar a nossa modesta Usina de Sabará, n’uma verdadeira universidade siderúrgica, criadora e aperfeiçoadora de técnicos e operários nacionais e estrangeiros.
Já seria muito para o vosso renome. Poderíeis regressar, vitorioso e feliz, à vossa encantadora Pátria, pedaço do paraíso terrestre e, ao mesmo tempo, um dos maiores centros siderúrgicos da Europa.
Mas, a essa altura, a terra mineira, em cujas mágicas entranhas Lund acreditava esconder-se o próprio coração do globo, já vos tinha conquistado a alma, consolando-vos do imenso que havíeis deixado na Pátria distante, com os arrebatadores acenos do seu futuro, que vos sorria no anfiteatro das suas montanhas majestosas, de desafiando a vossa vocação de pioneiro.
O idealista, que é a substância mesma do realizados, entendeu o apelo e partiu para o sertão para construir Monlevade.
Usina e cidade dentro do sertão, Monlevade tem o prestígio dos sonhos que se realizaram e das utopias que se converteram em apoteoses.
Modelar no seu conjunto, é obra vossa e da vossa equipe; é filha do vosso engenho e da vossa fé; é um monumento do vosso amor e da vossa confiança nos destinos do Brasil.
Todos nós devemos ter orgulho dela, porque nos assegurou a posição de fundadores da siderurgia nacional, como o proclamou, em palavras memoráveis, o Presidente Getúlio Vargas.
Administrador de largo descortinio, sabendo aliar à energia a bondade, dirigindo mais do que mandando, conseguistes fazer de cada um dos vossos auxiliares um amigo devotado que vos venera e respeita como chefe de sua grande família.
Homem de espírito público, ainda mais do que homem de negócios, gostais de empregar os frutos destes amorosamente na terra, como criador apaixonado e bom fazendeiro das Minas Gerais.
Preocupado sempre com o nosso crescente aperfeiçoamento industrial, nunca vos esqueceis de promover, ao lado dele, obras de assistência social, que na nossa empresa dia a dia, se alargam, com o desvelado concurso da dedicada esposa que tão bem elegestes para completar-vos.
O vosso elogio, portanto, meu caro Dr. Louis Ensch, é desses que não precisam ser feitos com palavras, porque está escrito, como queria o Padre Vieira, com a salutar linguagem dos fatos.
Nesta grandiosa terra mineira, podeis estar certo, o vosso nome há de perpetuar-se entre os mais ousados construtores do seu progresso.
Brasileiro honorário, como o reconheceu o governo da República, galardoando-vos com a ordem nacional do Cruzeiro do Sul; mineiro de coração, pela identidade de hábitos e costumes e pelos carinhosos laços da família, é natural que as vossas bodas de prata com o Brasil e com a Belgo Mineira sejam festejadas como um dos acontecimentos mais auspiciosos e gratos.
E para que essas comemorações  atingissem a máxima significação e realce, nem nos faltou a honra que tanto agradecemos, da presença de S. Excia. o Governador Juscelino Kubitscheck, ilustre estadista, que em menos de dois anos de governo conquistou pelo seu dinamismo e espírito realizador, o reconhecimento dos seus co-estaduanos, merecendo o apreço e a admiração de todo o País.
Os vossos colegas de direção na Companhia assistem e participam, com emoção e entusiasmo, de todas as manifestações que vos exaltam e consagram; e, entregando-vos, por meu intermédio, esta lembrança do nosso afeto, formulam seus mais ardentes votos pela vossa felicidade e pela continuação dos vossos triunfos.

Outro Marco Na Siderurgia 
Da Belgo-Mineira

Em 1952, A Belgo-Mineira adquire o controle acionário da Samitri, empresa de mineração,  fundada em 1939, com jazidas disponíveis para exploração, cujo volume extrapolava em muito as necessidades básicas siderúrgica da Belgo.

O objetivo de exportar, cada vez mais, era evidente”.

Esse foi um dos últimos atos de Louis Ensch, que vem a falecer em 1953. 


Seu sucessor foi Dr.Albert Scharlé, amigo de Ensch desde os tempos em que estudaram na famosa Aix-La-Chapelle; viera ao Brasil em 1929, atuando durante muito tempo na consolidação da Siderúrgica, em Sabará.

Em 1958, a Belgo-Mineira voltava suas preocupações para a realização de um segundo plano de expansão, cuja meta seria a produção de 500 mil toneladas de aço.

Monlevade tornava-se, de novo, um grande canteiro de obras com a reconstrução dos alto-fornos II e III.

Por outro lado, configurando a infraestrutura do projeto de ampliação, eram tocadas as obras civis do Teleférico que ligaria a Usina ao centro carvoeiro de Dionísio, com uma extensão total de 51 km, assim como o Centro Regulador de Carvão e da Estação de Peneiramento, como também as obras na Mineração de Andrade (estação de britamento, construção de silos de minério e uma nova Usina de Sinterização).




O Teleférico no transporte
de minério de ferro

No correr do ano de 1958 a Usina de Siderúrgica batia todos os índices de produção de sua existência, especialmente no setor de laminados.

O mesmo ocorre em 59, mesmo contando com o antigo equipamento.

Em Monlevade, a nova Aciaria LD bate recorde mundial de produção.

Com prazer os dirigentes da  Belgo-Mineira explicavam assim o fenômeno:  “Não podemos, por igual, omitir a contribuição que nos tem sido possível fazer à implantação da indústria automobilística nacional e ao incremento da indústria de estruturas metálicas".

Por todo o País ocorria um incremento geral das obras civis, tanto públicas como particulares. Era a força de Plano de Metas e a construção de Brasília. O Governo era o do Presidente Juscelino Kubitscheck, no lema 50 anos em 5.


Ao final dos anos 50, com unidades de produção em Sabará e Monlevade, foi concluído o primeiro pavilhão da nova Trefilaria de Contagem, onde já se fabricava arame farpado.

Multiplicado por cinco o seu capital social em quatro anos, a Belgo-Mineira era testemunha das grandes mudanças havidas no Brasil e no mundo.

Fechava o ciclo de seu crescimento.

Abria-se a fase de seu desenvolvimento.





Uma melhor qualidade de vida!


Ao longo do processo de desenvolvimento, a Belgo-Mineira foi adquirindo várias extensões de terras para o plantio de Eucalipto, e outras reservas florestais, para o seu suprimento da matériaprima, o Carvão Vegetal, e, por conseguinte, em cada local, era montada bases com postos médicos e serviços de enfermaria.


Ferrovia que liga a Usina de Monlevade
à Mina do Andrade
Acima no morro, o Reflorestamento
de Eucaliptos da Cia.


Concomitantemente, a Belgo-Mineira ia promovendo serviços de engenharia sanitária, aterrando lagos insalubres, retificando córregos e aplicando inseticidas, em locais insalubres. No entanto, a malária sobrepujava, sendo o grande inimigo a ser vencido, necessitando do combate preventivo, junto aos trabalhadores e moradores da região.

Os médicos se constituíam meritoriamente de heróis, na luta persistente contra a doença, que a bem da verdade causava muitas mortes. Neste sentido, a Belgo-Mineira, num empreendimento bandeirante, concluiu que deveria ir mais além do que já estava sendo feito: mudar o paradigma de costumes daquele povo sofrido. Foi construindo casas da alvenaria, numa simplicidade, mas sobretudo em condições adequadas de vida.

Escolas, Postos de Saúde, iluminação nas ruas, rodovias de acesso não só para o escoamento do carvão vegetal, matériaprima dos altofornos, como também, integrando as comunidades que ao longo do tempo iam surgindo lado a lado ao desbravamento.

Em todo o Vale do Rio Doce foram mais de 1000km de estradas de rodagem, colaborando, por conseguinte, com a economia da região, no tocante à logística.

As cidades de Pirapora, no norte de Minas Gerais, cidade ribeira do Rio São Francisco, bem como a cidade de Ipatinga, no Vale do Aço, são resultados desse desbravamento.

Aos poucos a Belgo-Mineira, na pessoa do Dr. Louis Ensch foi deixando um legado de vida, da melhor qualidade para os seus funcionários e familiares. E este, é um dos itens que se fez construindo ainda mais com o aumento da produtividade da empresa, na medida em que todos se estimulavam ao trabalho, adoecendo menos, inclusive, marcando então com um índice de absenteísmo relevante.

Esta sim, é a verdadeira valorização que se poderia oferecer aos trabalhadores metalúrgicos, naquela tão difícil época.


Turbulências

Os sinais estavam indicando o momento para mudança de estratégia.

“Percebia-se, também, o baixo valor agregado do aço se comparado com outros produtos na ponta da cadeia produtiva".

Essas constatações aconselhavam o abandono progressivo dos produtos de massa e volume e sua substituição por produtos cada vez mais sofisticados, manufaturados em lotes cada vez menores, de crescente valor agregado.

A empresa toma, então, a decisão estratégica de mudar o seu negócio para a fabricação e comercialização de arames.

Assim, ao fazer do trefilado seu novo negócio, fabricando produtos diversificados e de alta qualidade, com tecnologia de ponta a partir do Fiomáquina, a Belgo-Mineira buscava nichos de mercado.

Assim ocorre! Mas, em 1963 houve a transferência final do equipamento da antiga Trefilaria de Monlevade para a nova Trefilaria da Cidade Industrial - Contagem, região metropolitana de Belo Horizonte - moderna e em condições de lançar, em pouco tempo, novas linhas de produtos de alta resistência, como trefilados entalhados para concreto armado, arames e cordoalhas para concreto protendido e novas qualidades de arames galvanizados.

Esta trefilaria seria então, a segunda maior do mundo e estabelecendo a primeira "joint-venture"com a Bekaert, da Bélgica, maior produtora mundial de trefilados, através da criação da Belgo-Mineira Bekaert Artefatos de Arame, especializada na produção de "steel cord" – cordonéis de aço para pneus radiais.


Região Metropolitana
Belo Horizonte - 19
63

Em 1968 foi instalado o Laminador Morgan na Usina de Monlevade.





Não foi muito longe para que ela se consolidasse fortalecida no mercado, com uma qualidade de uma das maiores siderúrgica do país.


A Cia. Siderúrgica Belgo-Mineira moderniza seus equipamentos e diversifica suas atividades.

A tônica desta fase da Belgo-Mineira é o aumento do foco de atuação em trefilação e produtos derivados, que ocorre em paralelo ao esforço de profissionalização da administração.

A primeira Usina de Sabará é transformada em trefilaria e o plano de modernização da Usina de Monlevade, no valor de US$ 500 milhões, é concluído.

São adquiridas participações na Brazaço-Mapri e Metalúrgica Norte de Minas, empresas produtoras de fixadores para a indústria automobilística, e na Jossan S.A., empresa de trefilados. É criada a Bemaf, uma segunda "Joint Venture" com a Bekaert e ocorre uma diversificação de atividades com a criação de empresas financeiras, de seguros, "trading" e informática.

Na década de 90 e até o presente momento, a Belgo-Mineira tem passado por profundas transformações, visando a sua atuação em tempos de economia globalizada e de acirrada competitividade.

É nesse contexto que se inserem as ações gerenciais para a criação de uma identidade de grupo, os programas de efetividade operacional – administração da qualidade total, "benchmarking", terceirização, associação, reengenharia – o foco em competências básicas e os movimentos de ganho de escala, todos eles implementados com a finalidade de alcançar um desempenho superior, meta principal de qualquer companhia que pretende ser bem sucedida no ambiente competitivo.

Foi em 1994 que começou o trabalho de posicionamento da empresa para o futuro. Um ambicioso plano de investimentos de U$ 1 bilhão concluído em 1997 e baseado em uma nova estratégia competitiva, criou condições para a melhoria da rentabilidade, para o crescimento e, consequentemente, para a criação de valor.

No seu setor de mineração a capacidade produtiva é agora de 29 milhões de toneladas/ano, representando um aumento de 38% sobre 1996.

No setor siderúrgico, a capacidade instalada de laminados, a partir de 1998 e incluindo a MJS arrendada, é da ordem de 3 milhões de toneladas/ano, superior em 220% à capacidade de 1994.

No setor de trefilados e de produtos derivados, a capacidade instalada é atualmente da ordem de 1,1 milhão de toneladas/ano.

Em termos de aquisições, destacam-se a compra da Dedini, hoje uma subsidiária integral da Belgo-Mineira, e da Cia. Ferro e Aço de Vitória. Essas duas empresas, somadas ao arrendamento da Mendes Júnior Siderurgia, permitiram o retorno da Belgo-Mineira ao setor de construção civil com uma linha completa de produtos e com escala competitiva de produção.

As construções das Usinas Hidrelétricas de Guilman-Amorim e Muniz Freire, asseguram à Belgo-Mineira e à Samarco o fornecimento de energia a custos competitivos. Da mesma forma os aumentos de capacidade da Samitri, da Samarco, da BMB e da Usina de Monlevade representam respostas em termos de escala, às demandas do mercado.

Com a criação da BMBT, a Belgo-Mineira consolidou em 1997, a sua associação com a Bekaert no setor de trefilação, onde todas as empresas têm participação dos dois sócios.


Em 15 de abril de 1998, assume a direção executiva da Belgo-Mineira, o engenheiro Antônio José Polanczky, que substitui François Moyen, mentor e condutor das transformações da empresa até então.

Novos Altofornos; Trefilaria; Fábrica de Arames Farpados; Laminadores; Fábrica de Tubos; Aciaria; Fábrica de Oxigênio e Lingotamento Contínuo.

Projetando-se a Belgo-Mineira, ao longo da 2ª metade do século passado (sec. XX) e adquirindo ações de outras empresas, expande-se para outras cidades de Minas Gerais e outros Estados.

No mundo moderno, suas certificações no tocante às normas de sustentabilidade, a consolida nas normas ISO 9002 (Qualidade); ISO 14000 ( Meio Ambiente) e BS 8800 ( Segurança e Saúde Ocupacional).

A CSBM se organiza nas áreas de cidadania, cultura, saúde, Educação, responsabilidade social e excelência empresarial.



De Um Passado Distante...
Um Enorme Conglomerado!


E, numa associação ao Grupo Arcelor, que se faz na junção da Arbed (Luxemburgo, 1911); com a Aceralia (Espanha, 1997) e Usinor (França, 1999), em 18 de Fevereiro de 2002, fica presente uma nova logomarca, a Belgo-Arcelor.

ArcelorMittal Aços Longos Brasil
Ao projetar-se mundialmente, com a aquisição, em 2006, da Arcelor pela Mittal Steel, outra marca surge, a ArcelorMittal, com sede em Luxemburgo, criando-se com isso o primeiro grupo mundial de aço.
Sua estrutura data de 2005; é a maior siderúrgica da América Latina.
São 25 unidades com capacidade total de produção de 11 milhões de toneladas de aço/ano; são 14 mil empregos diretos, controlada pelo Grupo ArcelorMittal S.A, um conglomerado multinacional, com sede em Luxemburgo.

Desta feita, atingiu marcas significativas com grande sucesso.


ArcelorMittal
Uma Marca Para Sempre!!!

João Monlevade, 
Uma Cidade Para o Novo Milênio!!!

AcelorMittal
Usina de João Monlevade



AcelorMittal - rio Piracicaba
A ponte dá acesso à Matriz de São José Operário


AcelorMittal e a Estrada de Ferro Vitória a Minas







Nasce o Distrito João Monlevade

Construída em estilo Neoclássico, para ser a segunda Cidade Operária do País, João Monlevade possui como elemento fundamental de sua identidade, a atividade siderúrgica.





Início da construção da Praça Ayres Quaresma
Posteriormente Praça do Cinema
Década de 40

A comunidade, criada pela Companhia Siderúrgica Belgo-Mineira, estabelecida como distrito do município de Rio Piracicaba em 27 de dezembro de 1948, teve por um bom tempo seu desenvolvimento caracterizado pelo crescimento de dois povoados:



Praça Ayres Quaresma nos anos 40/50







Um deles, na região mais próxima à usina, ao longo do rio Piracicaba, onde surgiam cada vez mais conjuntos habitacionais, todos sob a supervisão da Belgo-Mineira.

E outro, a poucos quilômetros de distância, na região conhecida como Carneirinhos, onde se notava uma expansão nas atividades comerciais para atender às necessidades da população que trabalhava na usina.

O distrito de João Monlevade, foi crescendo concomitantemente ao crescimento da Usina; foi-se planejando uma infraestrutura social para os operários, o que se fez colocar nas mãos do Dr. Yaro Burian, arquiteto que de uma certa forma foi convidado pelo Dr. Louis Ensh para projetar a maioria ou a quase totalidade dos prédios, casas e vilas, indispensáveis ao funcionamento de uma cidade, quando se construiu a Usina de Monlevade e se inaugurou a "cidade" que lhe daria condições plenas de funcionamento. 

Aos poucos foram construídos: redes d’água e esgoto; estação de tratamento d’água; aberturas de ruas; calçamentos com pedras e paralelepípedos; iluminação de ruas com postes de madeira; rodovias vicinais; centros comerciais; escolas; hospitais; hotéis e um grandioso e majestoso cassino; clubes; cinemas; igreja e outras estruturas sociais, a bem de toda uma comunidade que soerguia majestosamente, no Vale do rio Piracicaba.


Praça Ayres Quaresma
Anos 60 e as famosas Jardineiras


Centro da cidade
Década de 60


Praça Ayres Quaresma
Em primeiro plano um carro de praça que
antigamente funcionava como taxi


Ao redor da Usina surge a segunda 
Vila Operária da América Latina



Centro antigo da cidade, 
com vista do famoso Morro do Geo;
ao lado o Colégio Estadual de João Monlevade;
a linha de ferro Vitória a Minas;
o Mercado antigo e ao fundo 

acima a Belgo-Mineira




Mercado antigo - anos 60




Rua Beira Rio
Casas construídas pela Belgo-Mineira
 

Rua Beira Rio à frente
Rua Siderúrgica atrás
Cidade Alta acima



Assistência Médica
 Mais Um Marco 
Na História da Cidade

A Assistência Médica foi tão levada a sério que em 1952, foi inaugurado o Hospital Margarida, considerado um dos melhores do Brasil, na época.

Especial atenção também em Monlevade foi dada à assistência médica e educacional.

Nesta área, desde o início das obras foram montados ambulatórios e centros médicos e, em 1952, foi montado o moderno Hospital Margarida.

Considerado um dos mais bem equipados do Brasil, o hospital chamou a atenção do então governador de Minas Gerais, Juscelino Kubitschek, que, durante a inauguração, teria chamado seu secretário de saúde e dito: "construa um desses em Belo Horizonte, que seja a quarta parte deste...".


Inauguração do Hospital Margarida - 1952
Ao lado do Dr. Louis Ensch(terno branco)
o Governador de Minas Juscelino Kubitschek

Hospital Margarida
O nome em homenagem à mãe do Dr. Ensch


Hospital Margarida em pleno Século XXI

Além do hospital, a Belgo-Mineira também providenciou a instalação de uma Usina de Beneficiamento de Leite  e um Lactário.



Usina de Beneficiamento de leite
construída e administrada pela Belgo-Mineira

Leiteria
Fornecimento de leite aos filhos
dos operários de forma gratuita


Preocupada com o grande consumo de leite sem tratamento - a moderna indústria de laticínios no Brasil surgira já em meados dos anos 20, mas restringindo-se às grandes cidades - a empresa decidiu criar sua própria Usina de Beneficiamento de Leite, através de processos de pasteurização.

Até então, alertavam os médicos da região, grande parte dos índices de mortalidade infantil devia-se ao consumo do leite in natura, que é um grande veículo de disseminação de doenças, como a tuberculose. 

Leite e manteiga eram fornecidos a um preço subsidiado aos funcionários da Belgo-Mineira e às crianças de até um ano de idade era fornecida gratuitamente uma mamadeira de leite enriquecido por dia.

A Educação foi também marco no crescimento da cidade, e foram construídas 3 escolas primárias e uma profissionalizante, que iniciaram o funcionamento em 1942 e em 1951 chegou a parceria do SENAI – ( Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial).

As aulas eram ministradas por engenheiros da Belgo-Mineira e os alunos que nela se formavam geralmente estavam aptos a desenvolver atividades profissionais tanto na própria Belgo, como em qualquer outra empresa de grande porte no país.

O nível de aprendizado era tão bom que, costumava-se dizer, quando os alunos de Monlevade iam estagiar em outras escolas do SENAI, em São Paulo, Rio e outros estados, em comparação com outros alunos, estavam aptos até a lecionar. 

Estes alunos estariam voltados para alimentar a Usina com profissionais de qualidade, bem como outras empresas no âmbito nacional.


SENAI - Vila Tanque
(antigo Grupo Escolar Eugênia Scharlé)


Aluno do SENAI

Aluno do SENAI


A qualidade de vida dos funcionários da Belgo-Mineira era complementada por uma grande rede de lazer.

Um estádio de futebol e dois times - o Metalúrgico e o Belgo-Minas - além de clubes recreativos - o Social, o Ideal, o União Operária e o Grêmio Esportivo - eram mantidos ou subvencionados pela empresa. 


Belgo-Minas
Anos 50


Clube Atlético Metalúrgico
Anos 50

Esses benefícios eram ainda complementados por obras sociais de grande importância que, desde 1942, eram promovidas pela Caixa Beneficente de Monlevade, criada pelos próprios funcionários.

A Caixa Beneficente de Monlevade, aliada pelos próprios operários, promovia benefícios complementares na área social, com fornecimentos de mantimentos e outros congêneres de consumo doméstico.

Além disso, a partir de 1955, através da Fundação Félix Chomé, passou a ser prestado auxílio especial para funcionários e seus filhos na área educacional, através da cessão de bolsas de estudo para cursos profissionais e aperfeiçoamento técnico em universidades.



Educação Ginasial

Padre Higíno
Havia um padre! O Cônego José Higino de Freitas, nascido em Barra Longa, a 54km de João Monlevade, aos 23 de dezembro de 1912, ali passando sua infância. Ele, de família tradicionalmente religiosa, entrou para o seminário de Mariana, fazendo o curso de Humanidades e o de Filosofia.

Ordenado sacerdote aos 25 de outubro de 1936, em Roma, exerceu seu ministério em Santa Bárbara e João Monlevade, na qual cidade chegou em 1945 para viver a maior parte de sua vida religiosa.

Instalou nela, em 1948 a Paróquia de São José Operário. Deve-se honrosamente ressaltar que nos 30 anos de vida religiosa em João Monlevade, Padre Higino, como era conhecido de todos, deixou dois grandiosos legados: a formação da consciência religiosa de seu povo e a educação da juventude e neste naipe, fundou e instalou na cidade em 1955 e com a ajuda da Belgo-Mineira e da Arquidiocese de Mariana, a Escola Municipal Cônego Higino; escola esta que foi a sucessora do antigo Ginásio Monlevade.


Colégio Estadual de João Monlevade
Antigo Ginásio Monlevade
Pátio do Recreio

O Ginásio Monlevade, foi o primeiro estabelecimento de ensino médio do município, e, a partir de 1965, foi integrado à rede estadual de ensino, com o tradicional nome de Colégio Estadual de João Monlevade. Nele, Padre Higino foi seu diretor até 1971.


A Matriz São José Operário, é um dos símbolos da cidade.
Construída durante a 2º Guerra Mundial pela Belgo e doada anos depois a prefeitura.
A Igreja é a única do mundo em formato de um V.
“V Disfarçado” é uma alusão à vitória dos aliado, com o fim da 2ª Guerra Mundial(1939 a 1945).
Igreja Matriz São José Operário
Na frente da igreja há uma imagem de um bispo com as mãos em formato de um V e, diga-se de passagem, pelo mesmo motivo. A escada, externa à Igreja e que dá acesso a mesma, é em formato de cálice. Também faz parte do entorno, uma gruta dedicada à Nossa Senhora de Lourdes.
No dia 25 de Setembro de 1948, a comunidade cristã Monlevadense inaugurava a Matriz de São José do Operário no bairro Tieté, projetada pelo arquiteto tcheco Yaro Burian, por solicitação da Companhia Siderúrgica Belgo Mineira(CSBM).




A Vila Operária

Segunda Vila Operária 
da América Latina


Com a siderúrgica de Monlevade em funcionamento, foi necessária a construção de toda uma estrutura urbana a fim de receber os novos moradores que viriam ocupar os empregos oferecidos pela usina.

Em 1934, foi realizado um concurso no qual arquitetos de todo o País puderam elaborar projetos para a futura “cidade operária”. O engenheiro Louis Jacques Ensch foi o escolhido para idealizar o distrito que viria a se tornar a cidade de João Monlevade e planejar e organizar a usina, definitivamente instalada no ano de 1935.

A distribuição da população nos espaços do distrito levava em conta a ocupação desempenhada pelo trabalhador, além do tamanho de sua família.


Em 1938, estava prevista a construção de 300 moradias, preferencialmente destinadas aos trabalhadores casados.



Década de 40

Início da construção da Vila Operária ao lado da Usina, em estilo neoclássico, instalando-se ali posteriormente clubes, escolas, lojas, bares, farmácias, assistências médicas, que atendia aos trabalhadores e seus familiares; uma Emissora de Rádio – a Rádio Cultura de João Monlevade, e o magnífico Cine Monlevade.



Cine Monlevade
Entrada 

Auditório do Cine Monlevade
Década de 40

Por aqui passaram os maravilhosos épicos do cinema hollywoodiano, como por exemplo: Ben-Hur com Charlton Heston; O Dólar Furado, com Giuliano Gemma; My Name Is Pecos; Tarzan; Sete Raios de Assur; Django; 20 mil Léguas Submarinas, um filme baseado no livro do grande escritor de ficção científica Júlio Verne; Hércules; Sanção e Dalila; Davi e o Gigante Golias; Salomão; Quo Vadis; Queda do Império Romano; A Noviça Rebelde, Tempos Modernos com o inesquecível Charles Chaplin; O Garoto; e muitos outros faroestes que fizeram sucesso na  época de ouro do cinema.



Bairro Vila Tanque
À esquerda Av. do Aeroporto
À direita Bairro Areia Preta

O bairro Vila Tanque foi um dos primeiros a ser construído junto com o bairro Areia Preta; Cidade Satélite, Baú, e outros.



Bairro Cidade Satélite e Baú

A mão-de-obra seja ela no nível operacional ou administrativa, necessitam também do lazer e, por conta disso, o Dr. Louís Ensch implementou a construção do primeiro clube, o Social Clube, este direcionado aos “gringos”, que da Europa vieram para ensinar a nossa mão-de-obra, ainda desqualificada para trabalhar na fabricação do aço e de outros setores, dentro da Usina, tais como: Elétrica, mecânica industrial, marcenaria, etc.

O Social Clube foi o primeiro a ser construído em 1945; posteriormente surgiram outros dentro da Vila Operária, tais como: Ideal Clube; Grêmio Esportivo Monlevadense e o Clube de Caça e Pesca; e numa Monlevade mais adiante, a ACM - Associação Cristã de Moços, em Carneirinhos.

Aos poucos, com o passar dos anos, acompanhando a expansão da empresa, a cidade foi mudando de lugar. Com isso, o bairro Carneirinhos que antes era bastante desacreditado,  foi recebendo o seu desenvolvimento urbano e social, diante das necessidades prementes da população que por ora também crescia.

Em 1970 foi feita a construção do canal sobre o córrego de Carneirinhos;  em 1980 já era um conglomerado de comércio e casas; e, hoje, João Monlevade está incluída e atenta ao moderno progresso tecnológico, faltando inclusive até espaço físico para trânsito, devido ao seu enorme crescimento demográfico, bem como o de veículos.

De lá até cá, crescera a população; o comércio; construções de casas; enfim uma movimentação populacional que politicamente falando já se via no pensamento de uma emancipação político-administrativa, e, a bem da verdade esta foi a grande cartada para que a cidade entrasse definitivamente para o seu desenvolvimento autônomo.



Emancipação! Numa  Questão De Tempo!


Germin Loureiro
Presidente da Comissão
de Emancipação 
Devido ao fato de João Monlevade não possuir sua emancipação político-administrativa, toda a receita arrecadada com a implantação da Belgo-Mineira na região era repassada para os cofres do município de Rio Piracicaba. Contudo, quando a população de Carneirinhos reivindicou recursos para a implantação de um sistema de esgoto, o distrito sede não quis investir no empreendimento. A insatisfação dos moradores acabou incentivando a criação de uma comissão, que atuou entre os anos de 1958 e 1962, na busca pela emancipação da cidade e, consequentemente, da implantação de infraestrutura fundamental para o distrito.

Havia uma Comissão de Emancipação e esta comissão foi vitoriosa em seu intento, colocando nas mãos dos Monlevadenses a autonomia política em 29 de Abril de 1964.


No ano de sua emancipação, foi instalado a CEMIG e a TELEMIG.

João Monlevade entrara para o mapa de Minas Gerais e aos 5 de dezembro de 1965 é instalada a primeira Câmara Municipal.

O primeiro Prefeito Wilson Alvarenga

Faltando o Poder Judiciário, o mesmo foi instalado em 1979 com a nova Comarca de João Monlevade.

E não poderia deixar de ser ele, o grandioso cantor para alegrar a festa comemorativa dos 10 anos de emancipação político-administrativa de João Monlevade.



Roberto Carlos em João Monlevade
1974 - 10 anos de emancipação

Roberto Carlos e à sua esquerda
Dr. Lúcio Flávio, Prefeito de João Monlevade
1974 - 10 anos de emancipação






O Modernismo Agregado




Prefeitura Municipal de João Monlevade
Carneirinhos


A Associação Comercial e Industrial de João Monlevade administra o crescimento de inúmeros estabelecimentos industriais de pequeno e médio porte.

O comércio cresce a cada dia que passa, estabelecendo o desenvolvimento do município.


O antigo Cassino

Bairro José de Alencar
Uma parceria da Belgo-Mineira
com o Sindicato dos Metalúrgicos

Praça Sete - Coreto
Bairro Carneirinhos

Outras empresas prestadoras de serviços, clínicas médicas, também completam o desenvolvimento social e da saúde, no já consolidado município.





Av. Castelo Branco
Bairro República


Av. Wilson Alvarenga
Carneirinhos
Hoje, região central de João Monlevade

3ª Delegacia de Polícia Rodoviária Federal
Abril de 2015


Av. Wilson Alvarenga - Carneirinhos

Universidade Federal de Ouro Preto
Campus João Monlevade

Antigo Hotel Monlevade


Museu Turístico:

Nos últimos tempos, o turismo também tem se tornado mais uma alternativa de investimento na cidade e alguns espaços merecem visitas.

É o caso da Fazenda Solar, um marco histórico na construção da cidade; da Igreja Matriz de São José Operário, símbolo da cidade por sua arquitetura diferenciada; do Cemitério Histórico, local onde estão sepultados Jean Monlevade e Louis Ensch; da Gruta de Nossa Sra. Aparecida e do Centro de Educação Ambiental (CEAM), área de mata atlântica preservada pela Belgo-Mineira.

Circuito Histórico – Ponto Turístico de João Monlevade



Aqui jaz Jean Monlevade
E o Dr. Louis Ensch


Museu Monlevade do Ferro e do Aço

O jargão “Nem Burro Do Géo Aguenta”

Esse jargão foi instituído popularmente na cidade, há muitos anos atrás, no início do começo da formação da cidade, quando um tal Sr. Geo, forasteiro de Sabará, adentrou-se na cidade, para montar um armazém, disponibilizando suas carroças com os burros aos seus clientes, na entrega das mercadorias; que inclusive compravam naquela famosa caderneta de créditos.

Como o caminho de saída do armazém para levar os mantimentos nestas pesadas carroças puxadas por burros, era um morro, e eles tinham que aguentar subir, com o carroceiro montado e mais o cliente, a criatividade inerente ao povo do interior se fez presente, na comparação com determinadas situações da vida, difíceis de resolver, de aguentar.

Assim, os Monlevadenses de época falavam: “Isso sim assim, nem burro do Géo aguenta!”


Armazém do Geo

Adendo:

Após exaurir o Ouro de Aluvião, iniciou-se um novo ciclo – o do Minério de Ferro, principal produto para os altofornos da Usina Siderúrgica.

O Ferro(Fe) é um elemento químico metal de transição da Tabela Periódica.

Sua importância biológica está nas várias atividades e funções que seus compostos desempenham. No caso, no transporte de elétrons em plantas e animais, no transporte de oxigênio no sangue dos mamíferos, e enfim, na indústria siderúrgica, na obtenção do aço, que é uma liga metálica formada sobretudo pela aglutinação do Fe com o elemento químico carbono(C); elemento este, constituído essencialmente de toda a matéria viva, como proteínas, carboidratos e gorduras.

Na Natureza é o mais útil dos metais, constituindo sua extração nos minérios rico tais como a: Magnetita, Hematita e a Limonita.

É usado nas construções metálicas diversas; na tinturaria, reveladores fotográficos, eletrodos industriais, reagentes industriais, etc.


Glossário:

Forja:  Estabelecimento onde através do calor se fundem e modelam os metais, como o ferro, por ex., produzindo assim, peças metálicas tais como: bigorna, foices, enxadas, martelos, machados, enxadas, alavancas, pás, ferraduras, cravos, martelos, picaretas, freios para animais, moendas para engenhos de cana, etc.


Ferro(Fe): Elemento sólido metálico encontrado na Natureza; possui uma cor branco acinzentado; é um metal duro; tenaz; reativo, o qual forma ligas de aplicações importantes.

Carbono (C): Elemento químico capaz de formar grandes extensões de cadeias de átomos e assim podendo constituir dezenas de milhares de compostos.

Gusa ou Ferrogusa: É o produto final extraído dos altofornos siderúrgicos, e em geral contendo elevado teor de Carbono e várias impurezas.

Aço: Metal proveniente da liga de Ferro + Carbono(C). O teor de carbono no aço pode variar entre 0,008% a 2,0%, podendo conter outros elementos de liga, como por exemplo: cromo, vanadium, cobalto, níquel, etc.

Açodoce ou Ferrodoce: Possui baixo teor de carbono e é empregado na indústria civil e de serralherias; possui alto índice de pureza; também usado para isolamento térmico.

Siderurgia: É a metalurgia do ferro e do aço; conjunto de tratamentos físico e químicos a que se submetem os minerais para se extraírem os metais, devidamente purificados e beneficiados.

Fiomáquina: Produto final das trefilarias; está disponível em aços ao carbono com alto, médio e baixo teor de carbono; aços ligados e aços corte fácil. É aplicado no segmento Steel Cord (Talões e cordonéis de aço para pneus radiais).

Sinterização: Processo de amolecimento do minério pelo aquecimento, fazendo com que transformem em finos granulados, em cargas coerentes, não porosas para alimentação dos altofornos siderúrgicos. 

Joint Venture: É uma expressão de origem inglesa, que significa a união de duas ou mais empresas já existentes com o objetivo de iniciar ou realizar uma atividade econômica comum, por um determinado período de tempo e visando, dentre outras motivações, o lucro.


Nota do Bottary nº 02:

João Monlevade, minha terra natal!

Nasci em 05/06/1954, muito antes que a parteira chegasse para assumir o parto como era de costume. Na verdade quando ela chegou, eu já estava sobre o peito de minha mãe, quiçá até mesmo já mamando.

Fui criado no Bairro da Vila Tanque nos costumes do fogão a lenha; dos banhos com água aquecida na serpentina do fogão; das casas com  chaminés por onde saía a fumaça e por onde, por lá, é que descia o Papai Noel nas noites de Natal; dos presépios que todo mundo gostava de fazer; das brincadeiras de rodas; dos jogos de botões; das matinês do Circo Nerino armado no Estádio Louis Ensch; dos Parques de Diversões com os famosos Trens-fantasmas, das compras do cento de laranja serra d’água; das brincadeiras de rodas de crianças que aconteciam frente as nossas casas, com a atenção dos pais; dos parques de diversões perto de nossas casas em que neles tínhamos as gangorras em que fazíamos peripécias rodando-as em seu próprio eixo, com muita coragem; do tempo do vendedor ambulante que com duas sacolas no ombro dizia pra todos o ouvirem: “ Sandália e Chinelo!!”, tudo artesanal; das maravilhosas aulas de inglês que assistíamos, onde o professor colocava o disco de vinil com a música My Love For You do cantor Johnny Mathis; e não poderia deixar de falar das inúmeras serenatas que fazíamos cantando as músicas sucessos da época tais como as internacionais, e as músicas românticas da Jovem Guarda.

Enfim, num mundo onde o padeiro passava de manhãzinha, com aquelas bisnagas de pão que dava gosto comer; das histórias do Chapeuzinho Vermelho que ouvíamos nos discos de vinil, de cor verde, tocados na radiola, a mesma que ouvíamos a novela “O Direito de Nascer”; “Jerônimo, O Herói do Sertão”, a mesma em que colocávamos o disco, para ouvirmos a música: Meu Primeiro Amor, etc.

Ilustres Amigos, muito, muito me apraz falar de João Monlevade.

A emoção tomou conta de mim.

As lembranças voltaram-me  ainda rapazinho, fazendo-me um bem n’alma.

A primeira professora é a que marcou, ainda que eu não me lembre mais o nome dela: muito bonita, loira e brava!

O primário, o ginasial e depois o curso técnico; os quais, fizeram-me uma pessoa que a bem da verdade conseguiu vencer de uma certa forma a luta pela sobrevivência.

Escola Estadual Eugênia Scharlé
(Abaixo) Escola Dr. Geraldo Parreiras


Escola Estadual Eugênia Scharlé, antigo Grupo Escolar Eugênia Scharlé, onde fiz o meu curso primário, da 1 ª a 4ª série do ensino fundamental.

Na parte inferior o antigo Colégio Polivalente, hoje Escola Estadual Dr. Geraldo Parreiras, onde antes dele era um campo de várzea em que aos domingos jogávamos bola e às vezes assistíamos aos jogos dos campeonatos da cidade.

Primeira Comunhão
Durante as festividades religiosas das Semanas Santas, notadamente nas quintas-feiras, íamos para os que se chamavam Cruzadas ( seria os representantes dos apóstolos de Cristo), e, do alto do enorme altar montado na praça da Matriz de São José Operário, o Bispo ia passando e lavando os nossos pés. Era a cerimônia do Lava-pés.

No Palanque da Vila Tanque, onde todos os domingos celebrava-se a Santa Missa, foi onde fiz minha primeira comunhão.

















Bandeira de João Monlevade

Brasão de João Monlevade




Hino de João Monlevade
Letra e Música: Rita de Cássia Abreu e Silva.

Do trabalho, vontade e bravura
Deu-se início a uma bela história
De cidade, de gente e cultura
Que aos poucos conquista a sua glória
Uma forja, uma chama e então o aço
Força negra, pra um grande porvir
Da labuta não importa o cansaço
Pois a meta é crescer, construir.
(refrão)

E ergueu-se uma brava cidade
D’entre as rochas do estado altaneiro
Salve, salve João Monlevade!
Resplendor do progresso mineiro.

Da virtude tornou-se operária
Do progresso, grande pioneira
Do trabalho, leal voluntária
Que enaltece a nação brasileira.

Ela jovem, qual flor que se abre,
Para em torno de si perfumar,
Desabrocha João Monlevade
Pra um futuro de glória alcançar.


==x==

Fontes:

Álbum feito pela Diretoria da Belgo-Mineira em 1953, em homenagem ao 25º Aniversário da administração do Diretor-Geral, Dr. Louis Ensch.

Livro: Nossa Terra Nossa Gente - Volume I - A cidade, sua história, seus símbolos, seus ícones! - Professor Dadinho - Ano: 2016




10 comentários:

  1. Geraldo, parabéns pelo belo trabalho de pesquisa sobre a cidade de João Monlevade. Com certeza será admirado por seus conterrâneos . Ivete de CAstro

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    1. Ola! Ivete!
      Muito me honrou fazê-lo, sobretudo com os estímulos dos amigos presenciais e os virtuais. Sua prestimosa ajuda foi-nos sobremaneira importante neste intento.
      A saudade da terra natal, também!!
      Obrigado e Saudações Monlevadenses!

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  2. Empresa pioneira neste pais merece ter um reconhecimento a nível nacional pela sua historia de seus fundadores,que acreditou no povo monlevadense.Sou feliz de ter nascido nesta cidade. Parabens

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    1. Ola! Prezado! A bem da verdade ela é reconhecidamente a pioneira em nível internacional, dado a sua grandiosa história de vida siderúrgica e operária.
      Seus fundadores pra mim são ícones inesquecíveis no coração de cada, daquela e deste nova geração!
      Também tenho muito orgulho de ser monlevadense, não obstante não estar lá morando fisicamente.
      Uma História muito maravilhosa que encantou-me sobremodo postar esta matéria.
      Um abraço,
      Bottary

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  3. prezado esse documentario ficou muito rico em informaçoes jamais vistos em pesquisa na internet e bibliotecas,fica ai meus parabens e meu abraço Rogerio A.Pereira

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    1. Ola! Rogério! Muito me apraz estar aqui novamente interagindo com mais um admirador Monlevadense!! Agradeço suas comovedoras palavras e acredite, tudo foi feito com muito amor e um prazer enorme, dado a relevância que nos é de falar de nossa terra-natal!
      Mai uma vez, obrigado pelas estimulantes palavras!!
      Geraldo Botari

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  4. Bom dia. Excelente matéria, muita coisa eu não sabia (nasci em 66). Me deixou triste foi terem trocado o hino da cidade, o outro era muito mais bonito (não tenho a letra, era mais ou menos assim:
    Monlevade, cidade riqueza
    tu tens na grandeza os dons naturais.
    Alavanca soberba e segura,
    da glória futura de Minas Gerais!

    Luxemburgo de braços abertos,
    com passos bem certos,
    nos vem ajudar!

    Aplaudamos, com muita simpatia,
    esta companhia com alma a vibrar!

    O Brasil, com a siderurgia
    será com alegria a primeira nação!
    E espera que a Belgo-Mineira
    seja pioneira no campo de ação!

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    1. Monlevade, cidade riqueza
      tu tens na grandeza os dons naturais.
      Alavanca soberba e segura,
      da glória futura de Minas Gerais!

      Luxemburgo de braços abertos,
      com passos bem certos, nos vem ajudar!
      Aplaudamos, com muita simpatia,
      esta companhia com alma a vibrar!

      O Brasil, com a siderurgia
      será com alegria a primeira nação!
      E espera que a Belgo-Mineira
      seja pioneira no campo de ação! (bis da última frase)

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  5. Ola! Amigo(a)
    Novamente, adentro-me ao meu blog e veja o que vejo! Uma mensagem gratificante e feita, a meu ver, com um amor d'alma, dado a sinceridade nas suas sublimes palavras.
    De fato, eu também já cantei há muito tempo algo como:
    “Monlevade, minha querida
    Hoje vou te enaltecer
    De tão boa companhia
    Tu és linda de morrer!”

    Isto, quando viemos a Belo Horizonte, assistir ao programa Mineiros Frente a Frente, com Monlevade disputando com a cidade de Curvelo e perdemos, rsrsr
    Mas, voltando à vaca-fria, não fique triste, pois o que mais vale é o que está em seu coração, que é justamente isto, os versos que aí estão, os quais não apagaram e nem vão apagar, não é mesmo?
    Obrigado pelas palavras e saudações monlevadenses!!!!
    Geraldo Botari de Oliveira

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  6. legal ,aprendi mais sobre joão monlevade,principalmente sobre o nome que usina teve.

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